Jovens em missão: a experiência de evangelização de analfabetos em ilhas do Pará
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 23:04
O mês das missões está quase no fim e muitas são as experiências missionárias e, às vezes, pouco conhecidas, que jovens empreendem por todo Brasil. Umas delas é o projeto de evangelização com analfabetos realizado por membros da Casa da Juventude Comunidade Católica (Caju) nas ilhas de Urubuoca e Nova, no estado do Pará.
A partir do apelo da Arquidiocese de Belém, todos os meses, aproximadamente 25 jovens do grupo de Assistência Missionária da Caju saem da capital Belém, pegam os barcos no distrito de Icoaraci e navegam por 40 minutos até chegarem à população ribeirinha.
Muitos deles são analfabetos ou estão em processo de alfabetização, especialmente adultos. Contudo, isto não impede que a Palavra de Deus os atinja. De acordo com a coordenadora geral da Caju, Heloísa Sami Daou, os missionários realizam sempre as adaptações de linguagem, dinamizam os conteúdos e leem os textos bíblicos e demais documentos em voz alta.
Ao mencionar as palavras do Papa Francisco, na Missa de envio da JMJ Rio2013, de que o Evangelho é para todos, Heloísa define com satisfação o trabalho missionário realizado com os analfabetos: “Esta missão exige um despojamento de sair da realidade cotidiana e ‘atravessar fronteiras’ para chegar a uma realidade completamente diferente, onde recursos são escassos e as pessoas não tem acesso à Igreja”.
Kátia Cardoso é uma das moradoras de Ilha Nova. Ela conta que lia o Evangelho sozinha, em casa, e não conseguia compreender muito bem. Mas, a partir do trabalho desenvolvido pela comunidade, esta situação mudou: “Sempre participei da Igreja, mas só fui ter a Bíblia há pouco tempo e descobri que, quando partilho com os outros, também consigo entender muito mais”.
Ela relata ainda como os jovens missionários a ajudam em sua caminhada com Deus e até se preocupa se, um dia, deixarem de ir à ilha. “Percebo que não somente eu, mas outras pessoas têm mudado sua visão e participado mais das coisas da Igreja, a partir deste trabalho. Tomara que todos perseverem!”, ressalta.
Rodas de estudo do Youcat com jovens ribeirinhos
A evangelização dos ribeirinhos faz parte do projeto “Lançai as redes e evangelizai” lançado em 2009 pela Caju. A comunidade é responsável pelas mesmas ilhas onde são realizadas as atividades com os analfabetos.
Uma outra atividade são as rodas de estudo do Youcat. Impulsionados pela movimentação ocorrida na capital com a distribuição de exemplares da obra em 2012, os integrantes da Assistência Missionária manisfestaram ao Bispo Auxiliar de Belém, Dom Teodoro Tavares, o desejo de levar o Youcat aos jovens das ilhas, devido à dificuldade de acesso destes ao catecismo jovem.
Aline Sotão é vice-coordenadora do gupo de Assistência Missionária e trabalhou para conseguir doações de Youcat para os jovens das ilhas. Ela conta como é positiva a troca de experiências com a comunidade ribeirinha e como a juventude têm sede de conhecimento e de Deus. “O Youcat ajuda a desmistificar muitas dos conceitos errados que o mundo apresenta sobre a doutrina da Igreja Católica, sobretudo em uma região ribeirinha onde o acesso à informação é precário e os costumes e tradições norteiam a cultura e conhecimento dos jovens”, explica.
“Precisamos ir além de nossos medos e preconceitos e enxergar o outro com o olhar de Deus. Mais do que nunca é tempo de sermos uma juventude missionária”. Com estas palavras o coordenador do grupo de Pastoral Universitária da Caju e um dos promotores das rodas de estudo do Youcat, Gabriel Sampaio, enfatiza, a partir dos discursos do Papa Francisco, como se faz necessário, para cada cristão, ir às “periferias existenciais” e, assim, concretizar a “cultura do encontro”.
Gabriel relata também que, até o início das rodas de estudo nas ilhas, a maioria dos jovens não conhecia o Youcat. Foi aí que o grupo de missionários introduziu a atividade explicando o surgimento da obra, seus ensinamos e como manuseá-la. Em seguida, iluminados pelo prefácio escrito pelo Papa Emérito Bento XVI, refletiram sobre a importância e urgência de um engajamento da juventude católica no seio da Igreja, através de uma vida de oração comprometida, estudo constante dos temas da fé e testemunho concreto da experiência com Jesus.
“A verdade de Deus precisa iluminar a vida de todos. Nosso dever, enquanto cristãos, é levar o Cristo aos irmãos, independente de quem sejam, de onde moram ou do quanto tenham estudado”, conclui.
Outros projetos são promovidos nas ilhas como catequese, Celebração da Palavra e formação. Como enfatiza a coordenadora da Casa da Juventude, o diferencial do trabalho nas ilhas precisa ser a adaptação à realidade daquelas pessoas: “Respeitar e interagir com eles, sua cultura e sua história, para que, em Jesus, todas as pessoas tenham as condições necessárias ao seu pleno desenvolvimento, ou seja, tenham vida e vida em abundância”.
Fonte: Jovens Conectados
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