A alegria do amor: misericórdia e integração para todas as famílias
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 09:59
“A alegria do amor”
(Amoris
Laetitia) é o título da Exortação Apostólica pós-sinodal
que o Papa Francisco assinou em 19 de março passado, Solenidade de São José, e
que foi apresentada nesta sexta-feira, 8 de abril, no Vaticano.
A
Exortação tem nove capítulos e a oração final à Santa Família. O documento
reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa
Francisco em 2014 e 2015.
“À
luz da Palavra”
No
primeiro capítulo, o Papa indica a Palavra de Deus como uma “companheira de
viagem para as famílias que estão em crise ou imersas em alguma tribulação,
mostrando-lhes a meta do caminho”.
“A
realidade e os desafios das famílias”
Partindo
do terreno bíblico, no segundo capítulo, o Papa insiste no caráter concreto,
que estabelece uma diferença substancial entre teorias de interpretação da
realidade e ideologias. “Sem escutar a realidade não é possível compreender nem
as exigências do presente nem os apelos do Espírito”, aponta. “Jesus propunha
um ideal exigente, mas não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas
frágeis”.
"O
olhar fixo em Jesus: a vocação da família”
O
terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da
Igreja sobre o matrimônio e a família. Ilustra a vocação à família assim como
ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da
indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e
da educação dos filhos. A reflexão inclui ainda as famílias feridas e o Papa
recorda aos pastores que, “por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem
as situações”, já que o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos:
“ É preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da
sua condição”.
“O
amor no matrimônio”
O
quarto capítulo trata do amor no matrimônio. O Papa faz uma reflexão acerca da
«transformação do amor» ao longo do casamento. A aparência física transforma-se
e a atração amorosa não desaparece, mas muda. «Não é possível prometer que teremos
os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum
estável.
“O
amor que se torna fecundo”
O
quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no caráter gerador do
amor. Fala-se de gestação e adoção. A Amoris laetitia não
toma em consideração a família «mononuclear», mas está consciente da família
como rede de relações alargadas.
“Algumas
perspectivas pastorais”
No
sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a
edificação de famílias sólidas. Fala-se também do acompanhamento das pessoas
separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos
procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial.
Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e
conclui-se: "O divórcio é um mal". Fala-se da situação das famílias
com pessoas com tendência homossexual, insistindo na recusa de qualquer
discriminação.
“Reforçar
a educação dos filhos”
O
sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos, em todos os
âmbitos, inclusive sexual. É feita uma advertência em relação à expressão «sexo
seguro», pois transmite «uma atitude negativa a respeito da finalidade
procriadora natural da sexualidade.
“Acompanhar,
discernir e integrar a fragilidade”
O capítulo
oitavo é muito delicado, representa um convite à misericórdia e ao
discernimento pastoral. O Papa usa aqui três verbos muito importantes:
«acompanhar, discernir e integrar». O Papa escreve: «Os divorciados que vivem
numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes,
que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas,
sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral».
O
Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente
devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas
possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode
exprimir-se em diferentes serviços eclesiais.
Francisco
profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a
orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade
inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar
do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico,
aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um
responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares.
“Espiritualidade
conjugal e familiar”
O
nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar. O Papa afirma:
«Nenhuma família é uma realidade perfeita, mas requer um progressivo
amadurecimento da sua capacidade de amar.
Nota
Como
já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a
Exortação apostólica não pretende reafirmar com força o «ideal» da
família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar
aberto, profundamente positivo, que não se nutre de abstrações ou
projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma
leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal
ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto
de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que
é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala a linguagem
da experiência e da esperança.
Quirógrafo
A
cópia da Exortação enviada aos bispos do mundo, foi acompanhada por um quirógrafo do
Papa:
"Caro
irmão,invocando a proteção da Sagrada Família de Nazaré, tenho a alegria de te
enviar a minha Exortação “Amoris laetitia” para o bem de todas as famílias e de
todas as pessoas, jovens e idosas, confiadas ao teu ministério pastoral. Unidos
no Senhor Jesus, com Maria e José, peço-te que não te esqueças de rezar por
mim".
Fonte: Rádio Vaticano
0 comentários