Papa aos Movimentos Populares: ignorar os pobres é uma fraude moral
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 18:41
O Papa Francisco enviou uma mensagem, nesta sexta-feira
(17/02), aos participantes do encontro dos Movimentos Populares em andamento na
cidade de Modesto, na Califórnia (EUA). A reunião teve início, nesta
quinta-feira (16/02), e prossegue até sábado, 18.
“As feridas sociais causadas por um
sistema econômico desumano e difundido podem ser tratadas e curadas com o
comportamento do bom samaritano, fazendo-se próximo de quem precisa”, afirma o
Papa no texto.
Segundo o
Pontífice, “os bons samaritanos, aqueles que têm a capacidade autêntica de
estar próximo de quem sofre, salvarão o mundo, e não a hipocrisia daqueles quem
enchem os bolsos ignorando, com estilo, as chagas sociais, para depois
manipular as consciências quando as feridas são evidentes e não se pode mais
fingir de não vê-las”.
Indiferença
Indiferença
Como acontece
muitas vezes quando os interlocutores do Papa são as “elites” das periferias,
neste caso os movimentos sociais, Francisco encontra expressões fortes para
desmascarar as falhas do que ele chama de “paradigma imperante”, um “sistema
econômico que causa sofrimentos enormes para a família humana”, porque é
baseado no lucro e não na solidariedade.
O Papa conta
aos participantes do encontro, em Modesto, a Parábola do Bom Samaritano. O
contraste entre o “estrangeiro, pagão e impuro” que se inclina sobre um
moribundo agredido por assaltantes e cuida dele, e a indiferença do sacerdote e
do levita, expoentes ligados ao Templo, que viram as costas ao homem ferido e à
lei de Deus que pedia para prestar socorro em casos como esse.
Fraude
moral
“As feridas
causadas pelo sistema econômico que coloca no centro o deus dinheiro e às vezes
age com a mesma brutalidade dos assaltantes da parábola foram transcuradas
culposamente”, afirma o Papa, denunciando o “estilo elegante usado para desviar
o olhar de forma recorrente. Sob a aparência de ser correto na Política ou das
modas ideológicas, se olha para quem sofre sem tocá-lo, distante, vendo-o na
televisão, e se adota um discurso de aparência tolerante e cheio de eufemismos,
mas nada se faz de sistemático para curar as feridas sociais e enfrentar as
estruturas que deixam muitos irmãos ao longo da estrada”.
“Trata-se de
uma fraude moral que antes ou depois se descobre e dissipa-se como uma miragem.
Os feridos existem, são uma realidade. O desemprego é real assim como a
violência, a corrupção, a crise de identidade, o esvaziamento das democracias,
a crise ecológica”, diante da qual o Papa Francisco exorta povos indígenas, pastores
e governantes a “defenderem a criação”, confiando na ciência, mas sem crer na
existência de uma “ciência neutra”.
Gangrena
Segundo o
Papa, “a gangrena de um sistema não pode ser camuflada eternamente porque antes
ou depois se sente o mal cheiro e quando não pode ser mais negada pelo próprio
poder que criou este estado de coisas, nasce a manipulação do medo, a
insegurança, a raiva, incluindo a indignação das pessoas, e se transfere a
responsabilidade de todos os males a um que não está próximo”.
Esta é uma tentação grande que alimenta “este processo social em andamento em muitas partes do mundo” e que para o Papa Francisco “é uma ameaça séria para a humanidade”: a tentação de “classificar as pessoas em próximas ou não” e “aquelas que podem se tornar vizinhas de casa ou não”.
Esta é uma tentação grande que alimenta “este processo social em andamento em muitas partes do mundo” e que para o Papa Francisco “é uma ameaça séria para a humanidade”: a tentação de “classificar as pessoas em próximas ou não” e “aquelas que podem se tornar vizinhas de casa ou não”.
Sofrer
com o outro
Jesus ensina
outra maneira. Ensina a “tornar próximo daqueles que precisam”, atitude
possível se no próprio coração existir “compaixão e capacidade de sofrer com o
outro”. A Igreja acrescenta: deve ser “como o dono da pensão ao qual o
samaritano confia, no final da parábola, a pessoa que sofre. Os cristãos e
todos os homens de boa vontade devem viver e agir agora, porque muito
tempo precioso foi perdido sem resolver essas realidades destruidoras”.
“Da participação ativa das pessoas, em grande parte realizada pelos movimentos populares, depende a maneira em que se pode resolver essa crise profunda.”
“Da participação ativa das pessoas, em grande parte realizada pelos movimentos populares, depende a maneira em que se pode resolver essa crise profunda.”
O Papa repete
o que disse no último encontro com os Movimentos Populares: “nenhum povo é
criminoso e nenhuma religião é terrorista. Não existe o terrorismo cristão, nem
o judeu ou muçulmano”. Enfrentando o terror com amor trabalhamos pela paz e
nisso “se encontra a humanidade verdadeira que resiste à desumanização
manifestada em forma de indiferença, hipocrisia e intolerância”.
Fonte: Rádio Vaticano
0 comentários