Papa exorta jovens a serem protagonistas no bem, "não basta não fazer o mal"
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 08:25
90 mil segundo a Gendarmaria Vaticana, era o número
de fiéis presentes na Praça São Pedro e Via da Conciliação na manhã deste
domingo, na Missa conclusiva da iniciativa “Por mil estradas rumo a Roma”, em
preparação ao Sínodo de outubro sobre os jovens.
A celebração foi presidida pelo cardeal Gualtiero
Bassetti, presidente da Conferência Episcopal Italiana e concelebrada por 120
bispos das diversas dioceses de proveniência dos 70 mil jovens, que já no
início de agosto botaram o pé na estrada partindo de diversas localidades
italianas – dos Alpes às Pirâmides, como disse o cardeal Bassetti ao agradecer
ao Santo Padre – para viver estes dois dias de espiritualidade e partilha em
Roma.
O Papa Francisco já os havia encontrado no Circo
Máximo no final da tarde de sábado. E neste domingo, rezou o Angelus com
eles após a Missa, abençoando a Cruz de São Damião e uma imagem de Nossa
Senhora de Loreto, símbolos da JMJ que serão doados à diocese que organiza a
JMJ 2019, uma prática que teve início já em 1987, em Buenos Aires.
Desde cedo os jovens formavam longas
filas para passar pelos controles de segurança. Ao final a Missa aumentaram as
expectativas pela chegada do Papa Francisco que entrou na Praça São Pedro com o
papamóvel às 11h24, ultrapassando os seus limites para chegar à Via da
Conciliação. Jovens jogavam bonés, lenços, camisetas que, quando Francisco
conseguia segurá-los, os atirava de volta retribuindo o gesto com um sorriso.
Fazia
31°C na Praça São Pedro, mas a sensação térmica era bem maior. Os bombeiros do
Vaticano refrescavam a multidão com jatos de água, a exemplo do que já havia
ocorrido no encontro internacional dos coroinhas. Embalados pelo calor e
por canções religiosas italianas, o clima na Praça era contemporaneamente de
festa e comoção.
O Angelus
"É
bom não fazer o mal, mas é mal não fazer o bem". Uma frase que os jovens
foram convidados a repetir diversas vezes durante a alocução do Santo Padre,
que inspirou-se no convite de São Paulo a não entristecermos o Espírito Santo
com que fomos marcados por Deus no dia de nosso Batismo.
“Mas
eu me pergunto: como se entristece o Espírito Santo? Todos nós o recebemos no
Batismo e na Crisma, portanto, para não entristecer o Espírito Santo, é
necessário viver de uma maneira coerente com as promessas do Batismo, renovadas
na Crisma. De maneira coerente, não com hipocrisia: não esqueçam disso! O
cristão não pode ser hipócrita: ele deve viver de maneira coerente. As
promessas do Batismo têm dois aspectos: renúncia ao mal e adesão ao bem”.
Renunciar
ao mal – explicou o Papa - significa dizer "não" às tentações, ao
pecado, a satanás, mas mais concretamente, “significa dizer
"não" a uma cultura da morte, que se manifesta na fuga do real para
uma falsa felicidade que se expressa nas mentiras, na fraude, na injustiça, no
desprezo do outro. Para tudo isso, "não"”:
“A
vida nova que nos é dada no Batismo, e que tem como fonte o Espírito, rejeita
um comportamento dominado por sentimentos de divisão e discórdia. Por isso que
o apóstolo Paulo exorta a remover do seu coração "toda aspereza, desdém,
ira, gritaria e insultos com todo tipo de maldade". Isto é o que Paulo
diz. Esses
seis elementos ou vícios - desdém, ira, gritaria, maledicência e todo tipo de
maldade - que perturbam a alegria do Espírito, envenenam o coração e levam a
praguejar contra Deus e o próximo”.
Não basta não fazer o mal, é preciso fazer o bem
O
Papa insiste que para ser bom cristão, não basta não fazer o mal, mas “é
preciso aderir ao bem e fazer o bem”:
“Muitas
vezes acontece de ouvir alguns que dizem: "Eu não faço mal a
ninguém". E acredita-se ser um santo. Não. Ok, mas você faz o bem? Quantas
pessoas não fazem o mal, mas nem mesmo o bem, e sua vida acaba na indiferença,
na apatia, na tibiez. Essa atitude é contrária ao Evangelho, e também é
contrária ao caráter de vocês jovens, que por natureza são dinâmicos, apaixonados
e corajosos”.
Francisco
então, convida os jovens a repetirem juntos que "é bom não fazer o mal,
mas é mal não fazer o bem", uma frase que São Alberto Hurtado SJ costumava
dizer.
Protagonistas no bem
Os
jovens por fim, são exortados pelo Papa a serem “protagonistas no bem”:
“Não
se sintam bem quando vocês não fazem o mal, não: não é suficiente; cada um é
culpado pelo bem que poderia ter feito e não fez. Não basta não odiar, é
preciso perdoar; não basta não ter rancor, devemos orar pelos inimigos; não
basta não ser causa de divisão, é preciso levar a paz onde ela não existe; não
basta não falar mal dos outros, é preciso interromper quando ouvimos falando
mal de alguém. Parar as fofocas: isso é fazer o bem. Se não nos opomos ao mal,
nós o alimentamos calando. É necessário intervir onde o mal se espalha; porque
o mal se espalha onde não há cristãos ousados que se opõem com o bem,
"caminhando na caridade", segundo a advertência de São Paulo”.
Recordando
que o muito que caminharam nestes dias os deixou em boa forma, Francisco
exortou os jovens a caminharem na caridade, caminharem no amor:
“E
caminhemos juntos rumo ao próximo Sínodo dos Bispos. Que a Virgem Maria nos
sustente com sua intercessão materna, para que cada um de nós, a cada dia, com
os fatos, possa dizer "não" ao mal e "sim" ao bem”.
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