Não consigo olhar a vida sem Páscoa. E você? O amor seria o mesmo? O sabor seria como? Por vezes fico triste quando me vejo com esperança pequena. É que a gente pode esquecer de olhar o túmulo vazio… Afinal, o que seria a dor, o que seria a morte sem Páscoa? Quando penso estas coisas as entranhas se reviram em mim. Não consigo olhar a vida sem Páscoa.
A vida não é um chocolate que se come. A vida não é um ir sem direção. A vida é uma curva: a gente vai mesmo não sabendo o que virá depois daquela curva, por vezes bem fechada, com vários avisos falando de perigo. A vida não é um coelho, por mais que se esforcem para convencer-nos que isso é algo mais do que o imprevisível. É que o coelho foge quando menos se espera. A vida é como uma Páscoa.
A vida é mais do que as cruzes que encontramos; as cruzes só têm sentido quando elas têm um depois, isto é, quando depois das sextas vêm domingos. Fico admirado quando vejo cruzes rodeadas de flores; flores que vão sendo substituídas. Até inventaram cruzes sem corpos pendurados, gemendo de abandono. Só podia mesmo escurecer…
Uma vida sem Páscoa é pior do que uma vida sem cruzes. Fugir da dor, contudo, é uma eterna vontade da humanidade e, assim, acontecem as torturas que enxergamos em todas as esquinas. Fugimos da dor para fazer surgir mais dor e mais desrespeito. Uma vida sem Páscoa é uma tanatofilia querendo ser biofilia. E assim acontecem muitos enganos. Pior que isso: enganados pensando ou gritando para os outros, pelas avenidas, que são felizes, movidos por nojentos sentimentos de rejeição.
Uma vida sem Páscoa, vocês a imaginam. Ela é sem sabor. A todos nós que desejamos viver como Páscoa, uma boa Páscoa.
Autoria: Padre Hilário Dick,SJ
Fonte: Pastoral da Juventude Nacional
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