Papa envia mensagem para a CF 2017: "O Criador foi pródigo com o Brasil"
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 20:53

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre
oficialmente, nesta Quarta-feira de Cinzas, dia primeiro de março, a Campanha
da Fraternidade 2017 (CF 2017). O tema da Campanha:
"Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida",O lançamento
foi na sede da entidade, em Brasília (DF).
A campanha, que tem
como lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), alerta para o cuidado
da Casa Comum, de modo especial dos biomas brasileiros. Segundo o bispo
auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich
Steiner, a proposta é dar ênfase à diversidade de cada bioma e criar
relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam,
especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a
manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao
meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem, sejamos
conduzidos à vida nova”, afirma.
O Papa Francisco
enviou uma mensagem por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2017.
Eis a íntegra do texto:
“Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Desejo me unir a vocês
na Campanha da Fraternidade que, neste ano de 2017, tem como tema
“Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, lhes animando a ampliar a
consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o
envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade local,
como aliás enfatizei em diversos pontos na Encíclica Laudato Si’, sobre o
cuidado de nossa casa comum.
O criador foi pródigo
com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere
extraordinária beleza. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da
degradação da natureza também estão presentes. Entre vocês, a Igreja tem sido
uma voz profética no respeito e no cuidado com o meio ambiente e com os pobres.
Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como
tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para a sua
superação. Entre tantas iniciativas e ações, me apraz recordar que já em 1979,
a Campanha da Fraternidade que teve por tema “Por um mundo mais humano” assumiu
o lema: “Preserve o que é de todos”. Assim, já naquele ano a CNBB apresentava à
sociedade brasileira sua preocupação com as questões ambientais e com o
comportamento humano com relação aos dons da criação.
O objetivo da Campanha
da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem do Livro do Gênesis (cf. Gn
2,15), é cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de
Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do
Evangelho. Como “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação
ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a
vida das pessoas” (LS, 43), esta Campanha convida a contemplar, admirar,
agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos
biomas do Brasil – um verdadeiro dom de Deus - através da promoção de relações
respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Este é,
precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da terra, até porque
as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais.
Os povos originários
de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro
de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude
e misericordiosa. Por isso, é necessário conhecer e aprender com esses povos e
suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um modelo de
sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado pelo lucro
que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres.
Todos os anos, a
Campanha da Fraternidade acontece no tempo forte da Quaresma. Trata-se de um
convite a viver com mais consciência e determinação a espiritualidade pascal. A
comunhão na Páscoa de Jesus Cristo é capaz de suscitar a conversão permanente e
integral, que é, ao mesmo tempo, pessoal, comunitária, social e ecológica.
Reafirmo, assim, o que recordei por ocasião do Ano santo Extraordinário: a
misericórdia exige “restituir dignidade àqueles que dela se viram privados”
(Misericordia vultus, 16). Uma pessoa de fé que celebra na Páscoa a vitória da
vida sobre a morte, ao tomar consciência da situação de agressão à criação de
Deus em cada um dos biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente.
Desejo a todos uma
fecunda caminhada quaresmal e peço a Deus que a Campanha da Fraternidade 2017
atinja seus objetivos. Invocando a companhia e a proteção de Nossa Senhora
Aparecida sobre todo o povo brasileiro, particularmente neste Ano mariano,
concedo uma especial Bênção Apostólica e peço que não deixem de rezar por mim."
Vaticano, 15 de
fevereiro de 2017.
0 comentários