Papa: colocar os direitos humanos no centro de todas as políticas
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 21:37
O Papa Francisco enviou uma mensagem
aos participantes da Conferência Internacional sobre o tema “Os direitos
humanos no mundo atual: conquistas, omissões e negações” que teve início, nesta
segunda-feira (10/12), na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma,
promovida pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e
essa instituição acadêmica.
O
encontro de dois dias realiza-se por ocasião dos 70 anos da Declaração Universal
dos Direitos Humanos, celebrados nesta segunda-feira, e do 25º
aniversário da Declaração e Programa de Ação de Viena para a tutela
dos direitos humanos no mundo.
Igual dignidade de cada pessoa
humana
“Através desses dois documentos, a família das
Nações reconhece a igual dignidade de cada pessoa humana, da qual derivam
direitos e liberdades fundamentais que, arraigados na natureza da pessoa
humana, unidade inseparável de corpo e alma, são universais, indivisíveis,
interdependentes e inter-relacionados. Ao mesmo tempo, a Declaração de 1948
reconhece que “o indivíduo tem deveres para com a comunidade na qual é possível
o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade”.
Neste ano “em que se celebram os aniversários
significativos desses instrumentos jurídicos internacionais”, o Papa afirma que
é “oportuna uma reflexão profunda sobre o fundamento e o respeito dos direitos
humanos no mundo atual”, esperando que dessa reflexão “possa surgir um
compromisso renovado em favor da defesa da dignidade humana, com uma atenção
especial aos membros vulneráveis da comunidade”.
Visões antropológicas redutivas
“Observando com atenção as nossas sociedades
contemporâneas, verificam-se muitas contradições que levam a nos perguntar se
realmente a igual dignidade de todos os seres humanos, proclamada solenemente
70 anos atrás, é reconhecida, respeitada, protegida e promovida em toda
circunstância.”
“ Hoje,
persistem no mundo várias formas de injustiça, alimentadas por visões
antropológicas redutivas e por um modelo econômico baseado no lucro, que não
hesita em explorar, descartar e até mesmo matar o ser humano. Enquanto uma
parte da humanidade vive na riqueza, outra parte vê sua própria dignidade
renegada, desprezada ou pisoteada e seus direitos fundamentais ignorados ou
violados. ”
“Penso nos nascituros aos quais são negados o
direito de vir ao mundo, naqueles que não têm acesso aos meios indispensáveis
para uma vida digna, nos que são excluídos de uma educação adequada, naqueles
que são injustamente privados do trabalho ou forçados a trabalhar como
escravos, nos que estão detidos em condições desumanas, nos que sofrem torturas
ou não têm a possibilidade de se redimir, nas vítimas de desaparecimentos
forçados e suas famílias.”
Suspeita e desprezo
O Papa recorda também as pessoas “que vivem num
clima dominado por suspeita e desprezo, que são alvos de intolerância,
discriminação e violência por causa de sua pertença racial, étnica, nacional e
religiosa”.
Lembra “os que sofrem múltiplas violações de seus
direitos fundamentais no contexto trágico dos conflitos armados, enquanto
negociantes de morte sem escrúpulos se enriquecem com o preço do sangue de seus
irmãos e irmãs”.
Coragem e determinação
Segundo o Pontífice, somos chamados em causa diante
desses fenômenos graves. “Quando os direitos fundamentais são violados, ou
quando se privilegiam alguns em detrimento de outros, ou quando os direitos são
garantidos somente a determinados grupos, ocorrem injustiças graves que por sua
vez alimentam conflitos com consequências sérias dentro das nações e em suas
relações.”
“ Cada um
é chamado a colaborar com coragem e determinação, na especificidade de sua
função, em prol do respeito dos direitos fundamentais de cada pessoa,
especialmente as “invisíveis”: aquelas que têm fome e sede, que estão nuas,
doentes, estrangeiras ou detidas, que vivem às margens da sociedade ou são
descartadas. ”
“Essa exigência de justiça e solidariedade tem um
significado especial para nós cristãos, pois o Evangelho nos convida a voltar o
olhar aos nossos irmãos e irmãs, a nos mover pela compaixão e nos comprometer
concretamente para aliviar seus sofrimentos.”
Despertar as consciências
O Papa faz um apelo aos responsáveis de
instituições, pedindo-lhes para que coloquem “os direitos humanos no centro de
todas as políticas, incluindo as de cooperação ao desenvolvimento, mesmo se isso
significa caminhar contracorrente”.
Francisco espera que esses de reflexão na
Pontifícia Universidade Gregoriana possam “despertar as consciências e
estimular iniciativas voltadas a tutelar e promover a dignidade humana”.
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