Francisco: é urgente um novo pacto social para o trabalho
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 15:29

Não
existe uma boa sociedade sem um bom sindicato: antes da Audiência Geral, o Papa
Francisco recebeu os delegados da Confederação Italiana dos Sindicatos dos
Trabalhadores (Cisl), que estão reunidos em Congresso.
O
discurso do Pontífice partiu do tema em debate: “Pela pessoa, pelo trabalho”.
De fato, afirmou, pessoa e trabalho são duas palavras que podem e devem estar
juntas. “O trabalho é a forma mais comum de cooperação que a humanidade gerou
na sua história, é uma forma de amor civil”.
Cultura do ócio
Certamente,
a pessoa não é só trabalho, também é preciso repousar, recuperar a “cultura do
ócio”, “é desumano” os pais que não brincam com os filhos, disse Francisco.
Crianças e jovens devem ter o trabalho de estudar e os idosos deveriam receber
uma aposentadoria justa. “As aposentadorias de ouro são uma ofensa ao trabalho,
assim como as de baixa renda, porque fazem com que as desigualdades do tempo de
trabalho se tornem perenes.”
Novo pacto social
Francisco
definiu como “míope” uma sociedade que obriga os idosos a trabalharem por
muitos anos e uma inteira geração de jovens sem trabalho. Para isso, é urgente
um novo pacto social para o trabalho e indicou dois desafios que o movimento
sindical deve enfrentar hoje: a profecia e a inovação.
Profecia
A
profecia é a vocação mais verdadeira do sindicato, é “expressão do perfil
profético da sociedade”. Mas nas sociedades capitalistas avançadas, o sindicato
corre o risco de perder esta natureza profética e se tornar demasiado semelhante
às instituições e aos poderes que, ao invés, deveria criticar. Com o passar do
tempo, o sindicato acabou por se parecer com a política, ou melhor, com os
partidos políticos. Ao invés, se falta esta típica dimensão, a sua ação perde
força e eficácia.
Inovação
O
segundo desafio è a inovação. Isto é, proteger não só quem está dentro do
mercado de trabalho, mas quem está fora dele, descartado ou excluído. “O
capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu
a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados. Economia de
mercato: não. Dizemos economia social de mercado, como nos ensinou São João
Paulo II.
Mulheres e jovens
Para
Francisco, talvez a nossa sociedade não entenda o sindicato porque não o vê
lutar suficientemente nos lugares onde não há direitos: nas periferias
existenciais, entre os imigrantes, os pobres, ou não entende simplesmente
porque, ás vezes, a corrupção entrou no coração de alguns sindicalistas. Não se
deixem bloquear. Francisco pediu mais empenho em prol dos jovens, cujo
desemprego na Itália é de 40%, e das mulheres, que ainda são consideradas de
segunda classe no mercado de trabalho.
Renascer das periferias
Habitar
as periferias pode se tornar uma estratégia de ação, uma prioridade do sindicato
de hoje e de amanhã, indicou o Papa. “Não existe uma boa sociedade sem um bom
sindicato. E não há um bom sindicato que não renasça todos os dias nas
periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras
angulares. Sindicato é uma bela palavra que provém do grego syn-dike, isto é,
“justiça juntos”. Não há justiça se não se está com os excluídos.”
Fonte: Rádio Vaticano
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