Papa: Via-Sacra de Jesus prolonga-se nos jovens absorvidos numa espiral de morte
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 11:08
O Papa Francisco participou da Via-Sacra com os
jovens, nesta sexta-feira (25/01), realizada no Campo Santa Maria la Antigua,
situado na orla marítima, em Cidade do Panamá. O evento contou com a
participação de 400 mil pessoas.
“O caminho de Jesus para o Calvário é um caminho de
sofrimento e solidão que continua em nossos dias. Ele caminha e sofre em tantos
rostos que padecem a indiferença satisfeita e anestesiante da nossa sociedade
que consome e se consome, que ignora e se ignora na dor de seus irmãos”, disse
o Pontífice em seu discurso.
Fácil cair na cultura
do bullying
Segundo o Papa, “também nós, amigos do Senhor, nos
deixamos levar pela apatia e inatividade. Tantas vezes nos derrotou e paralisou
o conformismo. Foi difícil reconhecer o Senhor no irmão sofredor: desviamos o
olhar, para não ver; refugiamo-nos no barulho, para não ouvir; tapamos a boca,
para não gritar”.
Francisco disse ainda que é mais fácil
e vantajoso “ser amigo nas vitórias e na glória, no sucesso e no aplauso. É
mais fácil estar próximo a quem é considerado popular e vencedor. Como é fácil
cair na cultura do bullying,
do assédio e da intimidação!”
A
Via-Sacra de Jesus se prolonga
Para o Pontífice, a Via-Sacra de Jesus
se prolonga hoje “no grito sufocado das crianças impedidas de nascer e daquelas
que não têm o direito de ter uma infância, uma família, uma instrução; que não
podem brincar, cantar e sonhar; nas mulheres maltratadas, exploradas e
abandonadas, despojadas e ignoradas na sua dignidade; nos olhos tristes dos
jovens que veem suas esperanças de futuro serem arrebatadas por falta de
instrução e trabalho digno; na angústia de rostos jovens que caem nas redes de
pessoas sem escrúpulos, redes de exploração, criminalidade e abuso que se
alimentam de suas vidas”.
A Via-Sacra de Jesus se prolonga “em
tantos jovens e famílias absorvidos numa espiral de morte por causa da droga,
do álcool, da prostituição e do tráfico humano, nos jovens com rostos franzidos
que perderam a capacidade de sonhar, criar e inventar o amanhã, na solidão
resignada dos idosos abandonados e descartados, nos povos nativos, despojados
de suas terras, raízes e culturas, silenciando e apagando toda a sabedoria que
possam oferecer, no grito da mãe Terra ferida em suas entranhas pela
contaminação da atmosfera, a esterilidade de seus campos, o lixo de suas águas,
e se vê espezinhada pelo desprezo e o consumo enlouquecido que ignora razões.
Prolonga-se numa sociedade que perdeu
a capacidade de chorar e comover-se diante do sofrimento”.
Como reagimos diante
de Jesus que sofre?
“Jesus continua caminhando, carregando
e padecendo em todos esses rostos, enquanto o mundo, indiferente, consuma o
drama da sua própria frivolidade”, destacou o Papa.
“E nós, Senhor, o que fazemos?”,
perguntou Francisco. “Como reagimos diante de Jesus que sofre, caminha, emigra
no rosto de tantos amigos nossos, de tantos desconhecidos que aprendemos a
tornar invisíveis? Permanecemos aos pés da cruz, como Maria?”
“Queremos ser uma Igreja que apoia e
acompanha, que sabe dizer: estou aqui, na vida e nas cruzes de tantos cristos que
caminham ao nosso lado”, concluiu o Papa.
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