Papa e Patriarca Russo assinam histórica declaração conjunta
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 23:12

Após
a reunião a portas fechadas, o Papa e o Patriarca Kirill assinaram uma
histórica declaração conjunta que marca uma nova era nas relações entre a
Igreja católica e o Patriarcado Russo.
Em
30 itens, Francisco e o Patriarca Kirill passaram em resenha e assinaram a
concordância sobre temas-chave para a reaproximação entre católicos e ortodoxos.
Entre
os tópicos principais, a preocupação comum sobre a situação dos cristãos no
Oriente Médio, o protagonismo de Cuba e o futuro das relações entre ortodoxos e
greco-católicos.
“Os
resultados da conversa me permitem assegurar que ambas as Igrejas podem
cooperar conjuntamente defendendo os cristãos no mundo inteiro e, com plena
responsabilidade, trabalhar conjuntamente, para que não se faça guerra, para
que se respeite a vida humana no mundo inteiro”, declarou Kirill.
“Falamos
claramente, sem meias palavras”, disse Francisco. "Senti a consolação do
Espírito neste diálogo. São iniciativas viáveis que se podem realizar",
concluiu o Pontífice após a assinatura da declaração.
Abaixo,
publicamos a íntegra do documento histórico:
Declaração
comum do Papa Francisco e do Patriarca Kirill de Moscovo e de toda a
Rússia
"A
graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo
estejam com todos vós" (2 Cor 13, 13).
1.
Por vontade de Deus Pai de quem provém todo o dom, no nome do Senhor nosso
Jesus Cristo e com a ajuda do Espírito Santo Consolador, nós, Papa Francisco e
Kirill, Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, encontramo-nos, hoje, em
Havana. Damos graças a Deus, glorificado na Trindade, por este encontro, o
primeiro na história.
Com
alegria, encontramo-nos como irmãos na fé cristã que se reúnem para “falar de
viva voz” (2 Jo 12), coração a coração, e analisar as relações mútuas entre as
Igrejas, os problemas essenciais de nossos fiéis e as perspectivas de progresso
da civilização humana
Cuba
2.
O nosso encontro fraterno teve lugar em Cuba, encruzilhada entre Norte e Sul,
entre Leste e Oeste. A partir desta ilha, símbolo das esperanças do “Novo
Mundo” e dos acontecimentos dramáticos da história do século XX, dirigimos a
nossa palavra a todos os povos da América Latina e dos outros continentes.
Alegramo-nos
porque aqui cresce, de forma dinâmica, a fé cristã. O forte potencial religioso
da América Latina, a sua tradição cristã secular, presente na experiência
pessoal de milhões de pessoas, são a garantia de um grande futuro para esta
região.
3.
Encontrando-nos longe das antigas disputas do “Velho Mundo”, sentimos mais
fortemente a necessidade de um trabalho comum entre católicos e ortodoxos,
chamados a dar ao mundo, com mansidão e respeito, razão da esperança que está
em nós (cf. 1 Ped 3, 15).
Tradição
comum
4.
Damos graças a Deus pelos dons que recebemos da vinda ao mundo do seu único
Filho. Partilhamos a Tradição espiritual comum do primeiro milênio do
cristianismo. As testemunhas desta Tradição são a Virgem Maria, Santíssima Mãe
de Deus, e os Santos que veneramos. Entre eles, contam-se inúmeros mártires que
testemunharam a sua fidelidade a Cristo e se tornaram “semente de cristãos”.
5.
Apesar desta Tradição comum dos primeiros dez séculos, há quase mil anos que
católicos e ortodoxos estão privados da comunhão na Eucaristia. Estamos
divididos por feridas causadas por conflitos de um passado distante ou recente,
por divergências – herdadas dos nossos antepassados – na compreensão e
explicitação da nossa fé em Deus, uno em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito
Santo. Deploramos a perda da unidade, consequência da fraqueza humana e do
pecado, ocorrida apesar da Oração Sacerdotal de Cristo Salvador: “Para que
todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti; para que assim eles
estejam em Nós” (Jo 17, 21).
Superar
divergências
6.
Conscientes da permanência de numerosos obstáculos, esperamos que o nosso
encontro possa contribuir para o restabelecimento desta unidade querida por
Deus, pela qual Cristo rezou. Que o nosso encontro inspire os cristãos do mundo
inteiro a rezar ao Senhor, com renovado fervor, pela unidade plena de todos os
seus discípulos. Em um mundo que espera de nós não apenas palavras mas gestos
concretos, possa este encontro ser um sinal de esperança para todos os homens
de boa vontade!
7.
Determinados a realizar tudo o que seja necessário para superar as divergências
históricas que herdamos, queremos unir os nossos esforços para testemunhar o
Evangelho de Cristo e o patrimônio comum da Igreja do primeiro milênio, respondendo
em conjunto aos desafios do mundo contemporâneo. Ortodoxos e católicos devem
aprender a dar um testemunho concorde da verdade, em áreas onde isso seja
possível e necessário. A civilização humana entrou em um período de mudança de
época. A nossa consciência cristã e a nossa responsabilidade pastoral não nos
permitem ficar inertes perante os desafios que requerem uma resposta comum.
Oriente
Médio
8.
O nosso olhar dirige-se, em primeiro lugar, para as regiões do mundo onde os
cristãos são vítimas de perseguição. Em muitos países do Oriente Médio e do
Norte da África, os nossos irmãos e irmãs em Cristo veem exterminadas as suas
famílias, aldeias e cidades inteiras. As suas igrejas são barbaramente
devastadas e saqueadas; os seus objetos sagrados profanados, os seus monumentos
destruídos. Na Síria, no Iraque e em outros países do Oriente Médio,
constatamos, com amargura, o êxodo maciço dos cristãos da terra onde começou a
espalhar-se a nossa fé e onde eles viveram, desde o tempo dos apóstolos, em conjunto
com outras comunidades religiosas.
9.
Pedimos a ação urgente da Comunidade internacional para prevenir uma nova
expulsão dos cristãos do Oriente Médio. Ao levantar a voz em defesa dos
cristãos perseguidos, queremos expressar a nossa compaixão pelas tribulações
sofridas pelos fiéis de outras tradições religiosas, também eles vítimas da
guerra civil, do caos e da violência terrorista.
10.
Na Síria e no Iraque, a violência já causou milhares de vítimas, deixando
milhões de pessoas sem casa nem meios de subsistência. Exortamos a Comunidade
internacional a unir-se para pôr fim à violência e ao terrorismo e, ao mesmo
tempo, a contribuir por meio do diálogo para um rápido restabelecimento da paz
civil. É essencial garantir uma ajuda humanitária em larga escala às populações
martirizadas e a tantos refugiados nos países vizinhos.
Pedimos
a quantos possam influir sobre o destino das pessoas raptadas, entre as quais
se encontram os Metropolitas de Aleppo, Paulo e João Ibrahim, sequestrados no
mês de Abril de 2013, que façam tudo o que é necessário para a sua rápida
libertação.
Acordo de Paz
11.
Elevamos as nossas súplicas a Cristo, Salvador do mundo, pelo restabelecimento
da paz no Oriente Médio, que é “fruto da justiça” (Is 32, 17), a fim de que se
reforce a convivência fraterna entre as várias populações, as Igrejas e as
religiões lá presentes, pelo regresso dos refugiados às suas casas, a cura dos
feridos e o repouso da alma dos inocentes que morreram.
Com
um ardente apelo, dirigimo-nos a todas as partes que possam estar envolvidas
nos conflitos pedindo-lhes que deem prova de boa vontade e se sentem à mesa das
negociações. Ao mesmo tempo, é preciso que a Comunidade internacional faça
todos os esforços possíveis para pôr fim ao terrorismo valendo-se de ações
comuns, conjuntas e coordenadas. Apelamos a todos os países envolvidos na luta contra
o terrorismo, para que atuem de maneira responsável e prudente. Exortamos todos
os cristãos e todos os crentes em Deus a suplicarem, fervorosamente, ao Criador
providente do mundo que proteja a sua criação da destruição e não permita uma
nova guerra mundial. Para que a paz seja duradoura e esperançosa, são
necessários esforços específicos tendentes a redescobrir os valores comuns que
nos unem, fundados no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
12.
Curvamo-nos perante o martírio daqueles que, à custa da própria vida,
testemunham a verdade do Evangelho, preferindo a morte à apostasia de Cristo.
Acreditamos que estes mártires do nosso tempo, pertencentes a várias Igrejas
mas unidos por uma tribulação comum, são um penhor da unidade dos cristãos. É a
vós, que sofreis por Cristo, que se dirige a palavra do Apóstolo: “Caríssimos,
(...) alegrai-vos, pois assim como participais dos padecimentos de Cristo,
assim também rejubilareis de alegria na altura da revelação da sua glória” (1
Ped 4, 12-13).
Diálogo
e Europa
13.
Nesta época preocupante, é indispensável o diálogo inter-religioso. As
diferenças na compreensão das verdades religiosas não devem impedir que pessoas
de crenças diversas vivam em paz e harmonia. Nas circunstâncias atuais, os
líderes religiosos têm a responsabilidade particular de educar os seus fiéis
num espírito respeitador das convicções daqueles que pertencem a outras
tradições religiosas. São absolutamente inaceitáveis as tentativas de
justificar ações criminosas com slogans religiosos. Nenhum crime pode ser
cometido em nome de Deus, “porque Deus não é um Deus de desordem, mas de paz”
(1 Cor 14, 33).
14.
Ao afirmar o alto valor da liberdade religiosa, damos graças a Deus pela
renovação sem precedentes da fé cristã que acontece na Rússia e em muitos
países da Europa Oriental, onde, durante algumas décadas, dominaram os regimes
ateus. Hoje as cadeias do ateísmo militante estão quebradas e, em muitos
lugares, os cristãos podem livremente confessar a sua fé. Em um quarto de século
foram construídas dezenas de milhares de novas igrejas, e abertos centenas de
mosteiros e escolas teológicas. As comunidades cristãs desenvolvem uma
importante atividade sócio-caritativa, prestando variada assistência aos
necessitados. Muitas vezes trabalham lado a lado ortodoxos e católicos; atestam
a existência dos fundamentos espirituais comuns da convivência humana, ao
testemunhar os valores do Evangelho.
15.
Ao mesmo tempo, estamos preocupados com a situação em muitos países onde os
cristãos se debatem cada vez mais frequentemente com uma restrição da liberdade
religiosa, do direito de testemunhar as suas convicções e da possibilidade de
viver de acordo com elas. Em particular, constatamos que a transformação de
alguns países em sociedades secularizadas, alheias a qualquer referência a Deus
e à sua verdade, constitui uma grave ameaça à liberdade religiosa. É fonte de
inquietação para nós a limitação atual dos direitos dos cristãos, se não mesmo
a sua discriminação, quando algumas forças políticas, guiadas pela ideologia de
um secularismo frequentemente muito agressivo, procuram relegá-los para a
margem da vida pública.
16.
O processo de integração europeia, iniciado depois de séculos de sangrentos
conflitos, foi acolhido por muitos com esperança, como uma garantia de paz e
segurança. Todavia, convidamos a manter-se vigilantes contra uma integração que
não fosse respeitadora das identidades religiosas. Embora permanecendo abertos
à contribuição de outras religiões para a nossa civilização, estamos
convencidos de que a Europa deve permanecer fiel às suas raízes cristãs.
Pedimos aos cristãos da Europa Oriental e Ocidental que se unam para
testemunhar em conjunto Cristo e o Evangelho, de modo que a Europa conserve a
própria alma formada por dois mil anos de tradição cristã.
Família
17.
O nosso olhar volta-se para as pessoas que se encontram em situações de grande
dificuldade, em condições de extrema necessidade e pobreza, enquanto crescem as
riquezas materiais da humanidade. Não podemos ficar indiferentes à sorte de
milhões de migrantes e refugiados que batem à porta dos países ricos. O consumo
desenfreado, como se vê em alguns países mais desenvolvidos, está gradualmente
esgotando os recursos do nosso planeta. A crescente desigualdade na distribuição
dos bens da Terra aumenta o sentimento de injustiça perante o sistema de
relações internacionais que se estabeleceu.
18.
As Igrejas cristãs são chamadas a defender as exigências da justiça, o respeito
pelas tradições dos povos e uma autêntica solidariedade com todos os que
sofrem. Nós, cristãos, não devemos esquecer que “o que há de louco no mundo é
que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que
Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e
desprezível é que Deus escolheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada
aqueles que são alguma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus”
(1 Cor 1, 27-29).
19.
A família é o centro natural da vida humana e da sociedade. Estamos preocupados
com a crise da família em muitos países. Ortodoxos e católicos partilham a
mesma concepção da família e são chamados a testemunhar que ela é um caminho de
santidade, que testemunha a fidelidade dos esposos nas suas relações mútuas, a
sua abertura à procriação e à educação dos filhos, a solidariedade entre as
gerações e o respeito pelos mais vulneráveis.
20.
A família funda-se no matrimônio, ato de amor livre e fiel entre um homem e uma
mulher. É o amor que sela a sua união e os ensina a acolher-se reciprocamente
como um dom. O matrimônio é uma escola de amor e fidelidade. Lamentamos que
outras formas de convivência já estejam postas ao mesmo nível desta união, ao
passo que o conceito, santificado pela tradição bíblica, de paternidade e de
maternidade como vocação particular do homem e da mulher no matrimônio, seja
banido da consciência pública.
21.
Pedimos a todos que respeitem o direito inalienável à vida. Milhões de crianças
são privadas da própria possibilidade de nascer no mundo. A voz do sangue das
crianças não nascidas clama a Deus (cf. Gn 4, 10).
O desenvolvimento da chamada eutanásia
faz com que as pessoas idosas e os doentes comecem a sentir-se um peso
excessivo para as suas famílias e a sociedade em geral.
Estamos preocupados também com o
desenvolvimento das tecnologias reprodutivas biomédicas, porque a manipulação
da vida humana é um ataque aos fundamentos da existência do homem, criado à
imagem de Deus. Consideramos nosso dever lembrar a imutabilidade dos princípios
morais cristãos, baseados no respeito pela dignidade do homem chamado à vida,
segundo o desígnio do Criador.
Juventude
22.
Hoje, desejamos dirigir-nos de modo particular aos jovens cristãos. Vós,
jovens, tendes o dever de não esconder o talento na terra (cf. Mt 25, 25), mas
de usar todas as capacidades que Deus vos deu para confirmar no mundo as
verdades de Cristo, encarnar na vossa vida os mandamentos evangélicos do amor
de Deus e do próximo. Não tenhais medo de ir contra a corrente, defendendo a
verdade de Deus, à qual estão longe de se conformar sempre as normas
secularizadas de hoje.
23.
Deus ama-vos e espera de cada um de vós que sejais seus discípulos e apóstolos.
Sede a luz do mundo, de modo que quantos vivem ao vosso redor, vendo as vossas
boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está no Céu (cf. Mt 5, 14.16). Haveis
de educar os vossos filhos na fé cristã, transmitindo-lhes a pérola preciosa da
fé (cf. Mt 13, 46), que recebestes dos vossos pais e antepassados. Lembrai-vos
que “fostes comprados por um alto preço” (1 Cor 6, 20), a custo da morte na
cruz do Homem-Deus Jesus Cristo.
24.
Ortodoxos e católicos estão unidos não só pela Tradição comum da Igreja do
primeiro milênio mas também pela missão de pregar o Evangelho de Cristo no
mundo de hoje. Esta missão exige o respeito mútuo entre os membros das
comunidades cristãs e exclui qualquer forma de proselitismo.
Não somos concorrentes, mas irmãos:
por esta certeza, devem ser guiadas todas as nossas ações recíprocas e em
benefício do mundo exterior. Exortamos os católicos e os ortodoxos de todos os
países a aprender a viver juntos na paz e no amor e a ter “os mesmos
sentimentos, uns com os outros” (Rm 15, 5). Por isso, é inaceitável o uso de
meios desleais para incitar os crentes a passar de uma Igreja para outra,
negando a sua liberdade religiosa ou as suas tradições. Somos chamados a pôr em
prática o preceito do apóstolo Paulo: “Tive a maior preocupação em não anunciar
o Evangelho onde já era invocado o nome de Cristo, para não edificar sobre
fundamento alheio” (Rm 15, 20).
Greco-católicos
25.
Esperamos que o nosso encontro possa contribuir também para a reconciliação,
onde existirem tensões entre greco-católicos e ortodoxos. Hoje, é claro que o
método do “uniatismo” do passado, entendido como a união de uma comunidade à
outra separando-a da sua Igreja, não é uma forma que permita restabelecer a unidade.
Contudo, as comunidades eclesiais surgidas nestas circunstâncias históricas têm
o direito de existir e de empreender tudo o que é necessário para satisfazer as
exigências espirituais dos seus fiéis, procurando ao mesmo tempo viver em paz
com os seus vizinhos. Ortodoxos e greco-católicos precisam de reconciliar-se e
encontrar formas mutuamente aceitáveis de convivência.
26.
Deploramos o conflito na Ucrânia que já causou muitas vítimas, provocou
inúmeras tribulações a gente pacífica e lançou a sociedade em uma grave crise
econômica e humanitária. Convidamos todas as partes do conflito à prudência, à
solidariedade social e à atividade de construir a paz. Convidamos as nossas
Igrejas na Ucrânia a trabalhar por se chegar à harmonia social, abster-se de participar
no conflito e não apoiar ulteriores desenvolvimentos do mesmo.
27.
Esperamos que o cisma entre os fiéis ortodoxos na Ucrânia possa ser superado
com base nas normas canônicas existentes, que todos os cristãos ortodoxos da
Ucrânia vivam em paz e harmonia, e que as comunidades católicas do país
contribuam para isso de modo que seja visível cada vez mais a nossa
fraternidade cristã.
28.
No mundo contemporâneo, multiforme e todavia unido por um destino comum,
católicos e ortodoxos são chamados a colaborar fraternalmente no anúncio da Boa
Nova da salvação, a testemunhar juntos a dignidade moral e a liberdade
autêntica da pessoa, “para que o mundo creia” (Jo 17, 21). Este mundo, onde vão
desaparecendo progressivamente os pilares espirituais da existência humana,
espera de nós um vigoroso testemunho cristão em todas as áreas da vida pessoal
e social. Nestes tempos difíceis, o futuro da humanidade depende em grande
parte da nossa capacidade conjunta de darmos testemunho do Espírito de verdade.
Testemunhas
da verdade
29.
Neste corajoso testemunho da verdade de Deus e da Boa Nova salvífica, possa
sustentar-nos o Homem-Deus Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, que nos
fortifica espiritualmente com a sua promessa infalível: “Não temais, pequenino
rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12, 32).
Cristo é fonte de alegria e de
esperança. A fé n’Ele transfigura a vida humana, enche-a de significado. Disto
mesmo puderam convencer-se, por experiência própria, todos aqueles a quem é
possível aplicar as palavras do apóstolo Pedro: “Vós que outrora não éreis um
povo, mas sois agora povo de Deus, vós que não tínheis alcançado misericórdia e
agora alcançastes misericórdia” (1 Ped 2, 10).
30.
Cheios de gratidão pelo dom da compreensão recíproca manifestada durante o
nosso encontro, levantamos os olhos agradecidos para a Santíssima Mãe de Deus,
invocando-A com as palavras desta antiga oração: “Sob o abrigo da vossa
misericórdia, nos refugiamos, Santa Mãe de Deus”. Que a bem-aventurada Virgem
Maria, com a sua intercessão, encoraje à fraternidade aqueles que A veneram,
para que, no tempo estabelecido por Deus, sejam reunidos em paz e harmonia num
só povo de Deus para glória da Santíssima e indivisível Trindade!
Havana
(Cuba), 12 de fevereiro de 2016.
Fonte: Rádio Vaticano
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