Primeira partilha do serviço de Aline Ogliari, na Secretaria Nacional da PJ
By Pastoral da Juventude - Arquidiocese de Feira - 22:41
Dos primeiros passos e sentimentos no serviço da Secretaria Nacional da PJ
“Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer, o sonho acontecer...”
(Milton Nascimento)
Passado um mês da Ampliada Nacional da PJ, em Ribeirão das Neves/MG, senti a vontade de escrever uma pequena partilha de como tem sido viver esse início de processo, ou de um novo ciclo. Em um mês, já provei da saudade de casa e de “gentes”; já me senti perdida na quantidade de coisas para encaminhar; eu, menina do interior, já me impressionei em andar em São Paulo, já fui ao Pará (!) e andei uma hora e meia de balsa na travessia do rio Tocantins (!!). Mas, para eu conseguir me expressar melhor, preciso fazer memória do ciclo que estava vivendo.
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Lá se vão 08 anos, e eu ainda estou a descobrir e a me encantar cada vez mais com esse jeito de ser Igreja Jovem, Igreja CEBs, Povo de Deus, profética e testemunhal. De formas e intensidades diferentes, isso acontece com tantos jovens e tantas jovens que se colocam na vivência de um grupo de base da PJ em qualquer canto do Brasil e da América Latina; que se encantam, que choram, que amam e constroem espaços fraternos e de partilhas em suas comunidades e paróquias, e que mesmo sem saber, se predispõem a todos os serviços que essa pastoral pode vir a precisar mais adiante.
Para mim, o tempo de serviço dedicado na Diocese foi muito forte. Amadureci mais ainda minha fé e a identidade eclesial que acredito, e tenho certeza que uma Igreja só será de fato profética e do povo se ela for coerente às práticas libertadoras de Cristo, independente da cristologia que a orienta. O tempo foi de saída desse espaço, e eu refleti muito isso – o processo posterior, o acompanhamento, e no fundo também na dor da despedida, mas acima de tudo na alegria em saber que sempre vou ter dessa água da fonte para beber e que a acolhida recíproca sempre acontecerá.
Foram muitos os nomes que me marcaram nesse tempo e que deixaram traços únicos em minha personalidade e no meu jeito de fazer e acreditar na PJ e nesse modelo de Igreja. Mesmo sabendo que vou esquecer alguém importante, queria lembrar alguns companheiros e companheiras que estiveram juntos no cuidado, nos sonhos, na partilha em tardes, madrugadas, rodas de chimarrão, nas andanças pelas estradas, e que me inspiram muito: Xarope, Tiago, Lila, Fernanda, Paulinha, Thiesco, Candin, Uilian, Josy, Cris, Claudinho, Iva, Thuane, Domingos, Priscilla, Szymanski... Cada um com o seu jeito nas histórias construídas em “nossos causos”.

Dizer “sim” ao serviço da Secretaria Nacional da Pastoral da Juventude não foi fácil. Foram tempos de rezar o projeto de vida, de se retirar e de ouvir. Eu encontrei muito apoio na Diocese, sejam das lideranças leigas, jovens ou não, sejam de padres, religiosos/as, e seja do meu bispo. Não foi fácil dar a resposta e nem está sendo fácil ainda “assimilar” que eu, uma jovem do interior de uma cidade pequena do oeste de Santa Catarina, na simplicidade e na humildade de quem muito pouco tem para oferecer, mas que oferece tudo o que possui, estarei nesse serviço nos próximos três anos...
A caminhada e a construção do Reino exigem zelo, prudência, testemunho, coerência, fidelidade. Para nós, seguidoras e seguidores de Cristo, que provamos dessas dimensões todos os dias, sabemos o quão difícil é seguir esse “guri”. Talvez, a coerência, e consequentemente a fidelidade, sejam as mais difíceis de viver e, ao mesmo tempo, são as mais testemunhais. Não é fácil “ser fiel às pequenas coisas para poder o ser nas grandes” (cf. Lc 16, 10).
A responsabilidade é muito grande! Ajudar a cuidar, de um lugar diferente e que às vezes pode parecer distante, dos mais de nove mil grupos de base da PJ, dos/as jovens que fazem parte deles e da dinâmica de organização de cada lugar, é, sem dúvida alguma, uma missão gigantesca e que eu sei que só é possível porque não estamos caminhando sozinhos e sozinhas. Tem muita gente amando e contribuindo de forma verdadeira, gratuita e desinteressada. Isso me deixa feliz e mais segura para estar no serviço da Secretaria.
Uma vez o meu pai me disse que “muitas seriam as dúvidas, as angústias, os medos e os desejos de desistir e de voltar para casa; muitas seriam [e são] as crises de opção e de fé, mas que eu não esquecesse que acima de tudo está o Reino, que ele é o nosso Horizonte. Para ele, tudo de nós”... O seu Mateus não foi o primeiro que falou isso, e nem será o último (ainda bem!).
É por esse Horizonte que nós caminhamos e doamos nossas vidas, e não podemos jamais duvidar e perder ele de vista. Na subversividade que é caminhar rumo a esse Horizonte, não podemos perder também a ternura, a profecia e a esperança; e nem duvidar do sentimento que nos guia: sim, eu sei que é amor. Só pode ser! “Se não for amor, o que será?”.
Um abraço grande, na ternura e na certeza do Reino,
Aline Ogliari
Brasília/DF, 25 de fevereiro de 2014.
Autora: Aline Ogliari
Fonte: Pastoral da Juventude Nacional
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